sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Educação conectada e sem distância

Por Mariana

Lemos esta reportagem no Porvir (O Porvir é uma iniciativa de comunicação e mobilização social que mapeia, produz, difunde e compartilha referências sobre inovações educacionais para inspirar melhorias na qualidade da educação brasileira e incentivar a mídia e a sociedade a compreender e demandar inovações educacionais), e achamos interessante trazer aqui para uma reflexão.



Quem assina:

Adriana Gandin - Licenciada em Pedagogia e especialista em Gestão de Pessoas e em Tecnologias na Aprendizagem. Autora de dois livros sobre Projetos na Escola e de diversos artigos com temas ligados à educação e à tecnologia educacional (TE). Atualmente atua como consultora de tecnologia educacional na editora FTD; docente em cursos de pós-graduação na área da educação no Centro Universitário Ritter dos Reis/UniRitter; e diretora pedagógica no projeto iPad na sala de aula, ligado à EADes envolvimento humano.

Ingrid Strelowlicenciada em Ciências Biológicas, mestre em Educação e cursando especialização em Neuropsicopedagogia. Atualmente dedicando-se ao ensino de Tecnologias Educacionais.


"Para os professores sobreviventes à virada do século e à primeira década dos anos 2.000, o desafio (de se pensar a educação na era da informação e de globalização dos conhecimentos) continua posto: os conteúdos deixaram de ser estáticos, o professor sozinho não detém toda a informação e a realidade se mistura ao que antes parecia ficção científica. As fronteiras, hoje, são nossas limitações individuais que mostram um conflito entre a forma de ensinar de uma geração que se sente “correndo atrás da máquina” e o modo de aprender de estudantes chamados nativos digitais.

Diante de uma demanda como essa, vive-se uma “febre” das novas tecnologias, deixando uma boa parte das pessoas encantada e outra, desconfiada, resistente e sentindo-se sobrecarregada. Todos os educadores escutam: “É preciso falar a linguagem dos alunos!” Mas a tarefa é delegada a eles sem que haja espaços de orientação e de formação. Ora, se temos uma exigência pedagógica e metodológica para que haja apropriação desse aparato tecnológico como ferramenta de trabalho na educação, é preciso que se permita ao professor tempo para explorá-lo, criticá-lo, utilizá-lo no seu dia a dia (dentro e fora da escola) para que tenha condição de refletir, sozinho e com seus colegas, sobre as possibilidades e benefícios de uso dele na sua prática pedagógica com os alunos.

Fala-se muito em alunos individualistas, que perderam habilidades sociais por só desejarem estar “conectados”, que não sabem cooperar. Na verdade, eles procuram uma causa que valha seu esforço e empenho. Querem ser vistos, respeitados, valorizados e “seguidos”. Isso explica o tempo que dedicam em games, gincanas, feiras culturais, projetos de empreendedorismo, voluntariado… Atividades e eventos que tem sentido! As crianças e adolescentes mostram-se muito dispostos a trabalhar e a aprender quando percebem que podem ser realmente úteis e divertir-se ao mesmo tempo!

O momento exige uma mudança qualitativa na prática pedagógica de professores e de alunos. Há a necessidade de o professor aprender mais e o aluno ensinar mais. Só será possível uma mudança real se houver uma dose de coautoria que seja bem partilhada entre alunos e professores. O trabalho com as novas tecnologias dentro da sala de aula pressupõe uma nova dinâmica de interação entre todos os personagens envolvidos.  Exige um trabalho de parceria, de pesquisa, de investigação, de compartilhamento e de verdadeira construção do conhecimento que responda adequadamente às grandes questões e desafios de nosso tempo.

O iPad, por exemplo, nos permite pensar em novos tempos e espaços de aprender. Com ele é possível explorar jogos e aplicativos, trazendo o lúdico e o criativo para dentro da escola. Por ser um dispositivo móvel, podemos pensar em atividades, na sala de aula, que envolvam pesquisa, produção de textos individuais e coletivos, trabalhos em grupos e, também, em atividades externas à sala de aula, explorando câmera, filmadora e aplicativos que permitem a construção de apresentações fantásticas.

Nessa perspectiva, o professor não é mais o único “detentor do saber”, mas torna-se mediador, desafiador, problematizador, e auxilia o estudante na ampliação do debate e no aprofundamento de conhecimentos. Isso faz com que se construa um sujeito crítico e criativo, que tem argumentos adequados para resolver as questões do dia a dia. Trata-se de finalmente efetivar, na prática, o que escrevemos no famoso PPP da escola, no qual definimos o tipo de pessoa e de sociedade queremos formar e o que precisamos fazer para que alcancemos uma sociedade boa para todos os cidadãos."

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