terça-feira, 25 de outubro de 2016

Vamos fugir para um refúgio ecológico? Parte 1/2

Por Mariana.



Em fevereiro de 2015, fomos com um casal de amigos para o REPA – Refúgio Ecológico Pedra Afiada, situado em Praia Grande SC, na entrada do Cânion Malacara.

Me lembrei de trazer um pouco desta experiência para vocês. Comecei entrevistando a dona do lugar, Ana Aveline, sobre como tudo começou, como ela teve a ideia do REPA, e o que as crianças podem aproveitar por lá. Depois vou contar minha experiência, no post parte 2/2.


“Conto que sempre fui uma criança cujos pais me levavam muito para o mato. Meu pai criou uma comunidade alternativa no início dos anos 80 em Rodeio Bonito, entre Taquara e Três Coroas, onde dava cursos de agricultura ecológica, apicultura e, mesmo sem internet e celular, vinha gente até da Argentina e Uruguai. Eram todos mochileiros em busca de uma outra vivência. E lá tinha rodas de fogueira, banho de cachoeira, uma vida intensa comunitária. Deu certo por 2 anos, mas aquilo me marcou.
E muitas coisas que tento oferecer aos hóspedes repetem um pouco as experiências que eu tive quando criança, como pedir um minuto de silêncio "para ouvir os sons da mata"...
Lá não tinha nem luz elétrica, era em volta do lampião à noite, onde rolavam os causos, as pessoas se olhavam, se ouviam, conversavam. É um dos motivos pelo qual não temos TV nos quartos, pois buscamos dar essa integração aos hóspedes.


Logo depois, na metade dos anos 80 surgiu a luz na comunidade e tudo mudou....
ninguém mais contava os causos, ninguém mais se visitava. Então eu assisti toda essa transformação para pior, na minha visão. Quando depois de fazer faculdade, depois de rodar o mundo eu parei para pensar o que fazia sentido para mim, as lembranças vinham daquela época.
Receber pessoas, ter contato com a natureza, ouvir os sons da mata, roda de fogueira. Era isso que eu queria proporcionar aos hóspedes. Eu era uma criança vivendo solta na natureza, tinha minhas próprias trilhas com meus amiguinhos, era livre. Por isso sempre dei muita importância e incentivo para que as crianças convivam no Pedra Afiada da mesma forma. Claro, ciente que são outros tempos.

Teve também a contribuição da nossa experiência nos parques nacionais da Austrália, que trabalhavam muito com ecoturismo e despertaram nosso interesse. Isso era 1996.
Quando voltamos ao Brasil em 1997 fomos atrás de cursos, congressos, e o que estava acontecendo nessa área. Meu marido é muito da aventura, então trouxe isso, além do ecoturismo, o turismo de aventura.


Sobre as atividades que as crianças podem fazer...
Muitos perguntam se temos recreacionista. Não, não temos recreacionista porque temos uma filosofia de que os pais devem curtir a natureza junto com os filhos, sem segregação.
Claro, se as crianças são pequenas, os pais ficarão mais limitados, mas quer coisa melhor do que ver os olhinhos do filho descobrindo a natureza?
Quando as crianças são pequenas, tipo bebê até 3 ou 4 anos, emprestamos a mochila (até 18-20Kgs) para o pai carregá-la nas costas. As trilhas terão que ser as curtas, tipo Cachoeira da Onça, poço do Malacara ou Itaimbezinho.




Pelos 3 ou 4 anos, já é possível estimular que caminhem parte da trilha e a gente se surpreende como eles têm pique, e como a natureza os motiva.
Se as crianças se acostumam desde pequeninhas, com 12 anos já estarão fazendo trilhas nível Rio do Boi. Não podemos criar filhos sedentários, e sim que olhem o mundo com vontade de explorá-lo e sem receio da serpente, do morcego, da perereca, pois tudo isto já estarão acostumados."

Sobre como é um final de semana no REPA.
Com um mínimo de 2 diárias, sugerimos, para quem não conhece a região, fazer um cânion por cima (Itaimbezinho) e um cânion por dentro (Malacara), pois são os 2 mais perto, e assim o visitante consegue ter uma noção do que realmente é um cânion, pois é difícil de entender. Muitos acham que é um vale. E ainda vai sobrar um tempo para fazer uma atividade extra como quadriciclos, rapel, tirolesa, ou descansar nas redes, no SPA, nas trilhas, na beira do rio, tomar um chimarrão nos mirantes."

* Em breve um post contando nossa experiência lá no REPA.

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