Em fevereiro de 2015, fomos com um casal de amigos para o REPA – Refúgio Ecológico
Pedra Afiada, situado em Praia Grande SC, na entrada do Cânion Malacara.
Me lembrei de trazer um pouco desta experiência para vocês. Comecei entrevistando a dona do lugar, Ana Aveline, sobre como tudo
começou, como ela teve a ideia do REPA, e o que as crianças podem aproveitar por lá. Depois vou contar minha experiência, no post parte 2/2.
“Conto que sempre fui uma criança cujos pais me levavam muito para o
mato. Meu pai criou uma comunidade alternativa no início dos anos 80 em Rodeio
Bonito, entre Taquara e Três Coroas, onde dava cursos de agricultura ecológica,
apicultura e, mesmo sem
internet e celular, vinha gente até da Argentina e Uruguai. Eram todos mochileiros em busca de uma outra vivência. E lá tinha rodas de
fogueira, banho de cachoeira, uma vida intensa comunitária. Deu certo por 2
anos, mas aquilo me marcou.
E muitas coisas que tento oferecer aos hóspedes repetem um pouco as
experiências que eu tive quando criança, como pedir um minuto de silêncio
"para ouvir os sons da mata"...
Lá não tinha
nem luz elétrica, era em volta do lampião à noite, onde rolavam os causos, as
pessoas se olhavam, se ouviam, conversavam. É um dos motivos pelo qual não
temos TV nos quartos, pois buscamos dar essa integração aos hóspedes.
Logo depois, na metade dos anos 80 surgiu a luz na comunidade e tudo
mudou....
ninguém mais
contava os causos, ninguém mais se visitava. Então eu assisti toda essa
transformação para pior, na minha visão. Quando depois de fazer faculdade,
depois de rodar o mundo eu parei para pensar o que fazia sentido para mim, as
lembranças vinham daquela época.
Receber pessoas, ter contato com a natureza, ouvir os sons da mata, roda
de fogueira. Era isso que eu queria proporcionar aos hóspedes. Eu era uma
criança vivendo solta na natureza, tinha minhas próprias trilhas com meus
amiguinhos, era livre. Por isso sempre dei muita importância e incentivo para
que as crianças convivam no Pedra Afiada da mesma forma. Claro, ciente que
são outros tempos.
Teve também a contribuição da nossa experiência nos parques nacionais da Austrália, que trabalhavam muito com ecoturismo e despertaram nosso interesse. Isso era 1996.
Quando voltamos ao Brasil em 1997 fomos atrás de cursos, congressos, e o
que estava acontecendo nessa área. Meu marido é
muito da aventura, então trouxe isso, além do ecoturismo, o turismo de aventura.
Sobre as atividades que as
crianças podem fazer...
Muitos perguntam se temos recreacionista. Não, não temos recreacionista
porque temos uma filosofia de que os pais devem curtir a natureza junto com os filhos, sem
segregação.
Claro, se as crianças são pequenas, os pais ficarão mais limitados, mas
quer coisa melhor do que ver os olhinhos do filho descobrindo a natureza?
Quando as
crianças são pequenas, tipo bebê até 3 ou 4 anos, emprestamos a mochila (até
18-20Kgs) para o pai carregá-la nas costas. As trilhas terão que ser as curtas, tipo Cachoeira da Onça, poço do
Malacara ou Itaimbezinho.
Pelos 3 ou 4
anos, já é possível estimular que caminhem parte da trilha e a gente se surpreende
como eles têm pique, e como a natureza os motiva.
Se as crianças se acostumam desde pequeninhas, com 12 anos já estarão
fazendo trilhas nível Rio do Boi. Não podemos criar filhos sedentários, e sim
que olhem o mundo com vontade de explorá-lo e sem receio da serpente, do
morcego, da perereca, pois tudo isto já estarão acostumados."
Sobre como é um final de semana
no REPA.
Com um mínimo de 2 diárias, sugerimos, para quem não conhece a região, fazer
um cânion por cima (Itaimbezinho) e um cânion por dentro (Malacara), pois são
os 2 mais perto, e assim o visitante consegue ter uma noção do que realmente é
um cânion, pois é difícil de entender. Muitos acham que é um vale. E ainda vai
sobrar um tempo para fazer uma atividade extra como quadriciclos, rapel,
tirolesa, ou descansar nas redes, no SPA, nas trilhas, na beira do rio, tomar um chimarrão
nos mirantes."
* Em breve um post contando nossa experiência lá no REPA.
* Em breve um post contando nossa experiência lá no REPA.
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